quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"Posso te chamar de pai?"


Essa é uma pergunta que a Madú vira e volta me faz: "Posso te chamar de pai?" mas nunca chamou.
Acho que é uma coisa complicada tanto pra ela como pra mim.
Não sei se na cabecinha dela ela espera que eu me case com a sua mãe primeiro, ou ache que me chamando assim ela "trairá" a memória do seu pai biológico (já falecido). Não sei dizer porque. O que sei que nas várias situações que ela me pediu ou pareceu tentar chamar, ela teve vergonha demais.
Eu andei lendo os blogs antigos de minha namorada e, no momento da morte do pai biológico da Madú, percebe-se o quanto foi traumático pra ela, apesar dela ter só 2 anos na ocasião. Que barra a Rê segurou...
Às vezes ela ainda demonstra tristeza pelo fato, talvez sem nem entender direito o que aconteceu.
Uma vez conversamos mais profundamente sobre o assunto e ela me questionou sobre a questão de não ser o pai, mas sim o padrasto. Foi complicado, e ainda é, conversar sobre isso. Primeiro porque a Rê e eu temos um pouco mais de um ano de namoro. Eu já escrevi sobre isso, mas meu maior medo é, se não dermos certo, como ficaremos a Madú e eu? É pouco tempo demais pra garantir um relacionamento. Só que o meu relacionamento com a Madú é outro e corre muito mais intenso.


Bom, não sei se agi certo, mas expliquei pra ela que ao meu ver esse negócio de "padrasto" e "madrasta" parece coisa de vilão de desenho animado. Que mesmo que ela não quisesse, eu a amaria e trataria como uma filha. E que ela deveria me observar e ser bem criteriosa. Ver se eu merecia o lugar de pai dela, como eu também avaliaria se ela merecia o lugar de minha filha.
O que complica muito pra ela são as pessoas do meio com quem convive. Primos, amigos de escola, igreja, etc. Criança é sincera demais, vivo escrevendo e elas mesmo colocam a Madú numa situação complicada com questões como: "Mas seu pai não tinha morrido?" ou "Se ele é seu pai, por que não mora com você?" ou ainda "Pai não. Ele é seu PADRASTO!".
Quanto a pergunta inicial, eu sempre respondo assim: "Claro que pode me chamar de pai. Mas faça isso quando se sentir a vontade".
Eu acho que ela se acostumou a me chamar pelo meu nome, mas quer ter a tranquilidade de saber que tem liberdade pra escolher entre como me chamar.
Eu acho que no final ela continuará me chamando só pelo nome. Primeiro porque ela já se acostumou, como já escrevi. Segundo, porque é meio constrangedor (não sei ao certo porque) para nós dois às vezes que ela "arranhou" essa possibilidade e por último (e de principal valor) em tudo ela me trata e dá status de pai: Trabalho de escola, datas comemorativas, bilhetes, teatrinhos, cartazes pela casa, quando quer que eu tenha "voto de minerva" nas discussões dela e da Rê (tipo o caso que contei da escolha de roupas lá), etc.


Não quero fazê-la sofrer "a perda de um pai" de novo, por isso fica complicada demais essa situação pra mim, porque depende das outras pessoas envolvidas e não só do meu querer e agir.
Mas também decidi que, enquanto eu for o "pai" dela, serei o melhor pai que ela poderia ter, ou, o melhor pai que consigo ser para ela. Caso o pior aconteça depois, pelo menos a certeza que dei o melhor de mim para ela, ela sempre terá. E, afinal, Pai é quem cria ;-).



Inté o/

2 comentários:

  1. É... esse é um ponto complicado... Passei por isso qndo criança. Meus pais se separaram qndo eu tinha 2 ou 3 anos (sei lá) e logo minha mãe já estava casada novamente. ANOS se passaram e o meu padrasto sempre foi o Bimba. Um dia eu quis chamá-lo de pai. Mas meu pai é vivo e na época era bem presente. Eu não consegui, apesar de considerar meu padrasto DEMAIS! Acabei nunca chamando ele de pai, mas por mtas vezes o considero mais q o meu pai mesmo. rs É complicado, mas não muda o amor. É isso q a Duda deve sentir: te sente como um pai, mas se confunde pq ama mto o pai. O amor é o mesmo, só a nomenclatura q muda, rs.
    Já Sofia nem titubeou qndo começou a chamar o Sandro de pai. Foi o único q ela conheceu, pq o pai biológico sumiu qndo quis mostrá-lo suas responsabilidades rs... existem homens e homens! rs

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    1. É complicado. No fundo sinto vontade de ouvir isso, mas tb respeito e sei q é só nomeclatura como vc bem disse. Vlw por compartilhar suas experiencias. Ajudou bem. bjs

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